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Imagem de capa da exposição

Egito Antigo - Do Cotidiano à Eternidade

Brasília

CCBB DF

27/01/2021 - 31/10/2021

Idioma do conteúdo

Apresentação

Egito Antigo

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Apresentação Ministério da Cidadania, Banco do Brasil, BB DTVM e BB Seguros apresentam Egito Antigo: do cotidiano à eternidade, exposição de historiografia geral do Egito Antigo que integra as comemorações de 30 anos do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. São 140 peças oriundas do Museu Egípcio de Turim, detentor de um dos maiores acervos egiptológicos do mundo, entre esculturas, pinturas, objetos litúrgicos e de uso cotidiano, além de sarcófagos e uma múmia humana, representando o desenvolvimento de uma cultura milenar que influenciou a história da humanidade. Com Egito Antigo: do cotidiano à eternidade o CCBB resgata a temática de mostras que contaram a história de civilizações e culturas como Arte da África (2003), Antes – Histórias da Pré-história (2004), Por Ti América (2005) e Lusa – A Matriz Portuguesa (2007). Ao celebrar três décadas de atuação, o Banco do Brasil reafirma seu protagonismo e o compromisso com a formação de público para a cultura por meio de uma programação plural, regular, acessível e de qualidade. Centro Cultural Banco do Brasil

Texto Curatorial

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Egito Antigo: do cotidiano à eternidade A exposição não tem a pretensão de abranger completamente o assunto, mas busca oferecer um vislumbre dessa cultura mítica (quarto milênio a.C. – século primeiro a.C.) e um resumo sobre algumas de suas peculiaridades, usos, costumes e hábitos específicos. O percurso expositivo é dividido em três partes: vida cotidiana, religião e costumes funerários. A civilização egípcia era extremamente hierarquizada e administrada por burocratas que respondiam ao único dirigente legítimo do país: o faraó. A religião egípcia sempre foi politeísta, caracterizada pela crença em um grande número de divindades superiores e inferiores. O culto oficial dos deuses ocorria nos templos. Os deuses egípcios se manifestavam de várias maneiras, e muitos deles também assumiam a forma animal. Tão logo ascendiam ao trono, os faraós dedicavam grande parte de seus recursos à criação de templos e tumbas monumentais. A eternidade, a preservação do corpo do defunto e sua consequente sobrevivência após a morte são três aspectos do mesmo conceito. A prática de mumificação parece ter sido favorecida pela disseminação da crença de que, para desfrutar da vida eterna, um egípcio tinha de se submeter a um julgamento divino presidido pelo deus Osíris. A possibilidade de continuar a viver era assegurada por um conjunto complexo de objetos rituais e mágicos. Desde as origens e até o fim da civilização egípcia antiga, o sarcófago sempre continha um universo de crenças religiosas. O sarcófago garante ao defunto a regeneração eterna de cada indivíduo. Paolo Marini Pieter Tjabbes

Vida Cotidiana

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Vida Cotidiana No imaginário popular, o antigo Egito sempre foi considerado uma terra mística e lendária. Ainda hoje, depois de ver as grandes coleções egípcias em todo o mundo, as pessoas têm a impressão de que os egípcios davam enorme atenção à morte. Essa percepção se deve ao tipo de objetos preservados: belos artefatos funerários que contam histórias de estranhos costumes e crenças, extremamente interessantes e fascinantes, mas em grande parte associados à morte e aos funerais. No entanto, os egípcios não gastavam muito tempo pensando na morte. Pelo contrário, amavam a vida, tanto que esperavam por sua continuação após a morte. A vida, especialmente a vida cotidiana, é o personagem principal da primeira seção desta exposição. A exuberante civilização egípcia dependia do rio Nilo e de suas enchentes sistemáticas. O dia era longo e o sol causticante, especialmente para os pobres camponeses que passavam seus dias nos campos. Os nobres proprietários das terras, entretanto, desfrutavam de seu tempo em frondosas áreas sombreadas sob as palmeiras, divertindo-se, caçando e pescando por puro prazer. A paisagem egípcia, antiga e moderna, reflete o contraste entre o árido deserto vermelho, dominado pelo temível deus Seth, que matou seu irmão Osíris, e a estreita faixa de terra bem irrigada em ambos os lados do rio, com sua exuberante paisagem e vegetação frequentemente retratadas nas belas pinturas existentes nas paredes das tumbas egípcias.

Fragmento de Parede com Cena Agrícola

Fragmento de parede com cena agrícola V Dinastia (2435-2305 a.C.) (?) Calcário 23,5 x 95,8 x 8,5 cm Mênfis (?) Adquirido por Ernesto Schiaparelli (1900-1901) S. 1262

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Fragmento de Parede com Cena Agrícola 1
Fragmento de Parede com Cena Agrícola 2
Fragmento de Parede com Cena Agrícola 3
Fragmento de Parede com Cena Agrícola 4

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Fragmento de Parede com Cena Agrícola S. 1262 Trabalhamos para o patrão! O dia está lindo, a temperatura amena, Os bois puxam sem parar, o céu está como queremos, Trabalhamos para o patrão! (música) Cantando velhas canções, os camponeses egípcios amenizavam seus longos dias de trabalho árduo sob o sol. O calor intenso os obrigava a usar apenas um tipo de saiote curto, chamado shendyt. Era difícil manter o ritmo do trabalho, mas o capataz era taxativo: “Trabalhe para o patrão e receberá uma ótima recompensa!”. Cenas desse tipo eram comuns nas decorações das paredes das tumbas no Antigo Império. Elas serviam para garantir a perpetuação das oferendas fúnebres, em sua maior parte constituídas por alimentos indispensáveis à sobrevivência do defunto no Além.

Tigela em Faiança Azul

Tigela em faiança azul XVIII Dinastia (1539-1292 a.C.) Faiança, 4 x 12 cm Proveniência desconhecida Aquisição anterior a 1882 Cat. 3370

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Tigela em Faiança Azul Cat. 3370 A cor azul intensa desta bela tigela de cerâmica vitrificada evoca imediatamente um dos apelidos da deusa Hathor, a “Senhora da Cor Turquesa”. Hathor era a deusa-vaca do amor, da beleza e da fecundidade. Por isso, vasilhas deste tipo são muitas vezes encontradas em templos dedicados à deusa Hathor. Na decoração desta tigela, uma tilápia traz duas flores de lótus na boca: uma fechada em botão e outra com a corola aberta. As flores de lótus simbolizam a fertilidade, o renascimento e a regeneração. No antigo Egito, inspiravam a prática religiosa que provavelmente levava as jovens egípcias a oferecê-las no templo onde oravam por fecundidade e maior poder de maternidade.

Grupo de Estátuas de Nebnetjeru

Grupo de Estátuas de Nebnetjeru XVIII Dinastia (1539-1292 a.C.) Arenito H. 67 cm Tebas (?) Aquisição anterior a 1888 Cat. 3052

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Grupo de Estátuas de Nebnetjeru Cat. 3052 A instituição da família era a pedra angular da sociedade egípcia. Na capela funerária, os antigos egípcios costumavam colocar uma estátua representando o proprietário da tumba ao lado da esposa, unidos em abraço eterno, como neste caso da estátua de Nebnetjeru e sua mulher, Amenhotep. Nebnetjeru usa uma peruca curta e veste uma saia longa até os tornozelos, enquanto a peruca volumosa e a túnica justa e longa embelezam a figura de Amenhotep. Na cena, ambos são venerados pelos filhos, representados em baixo-relevo.

Ostracon com Inscrição Hierática

Ostracon com Inscrição Hierática XIX-XX Dinastia (1292-1076 a.C.) Terracota, tinta 21,5 x 19 cm Deir el-Medina Escavações de Ernesto Schiaparelli S. 6618

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Ostracon com Inscrição Hierática S. 6618 Irritado com a carta provocativa que recebeu do escriba do exército Amenemope, o também escriba Hori o ridicularizou por seu limitado conhecimento técnico e deu-lhe uma lição de estilo e clareza literária. Tudo isso é contado neste ostracon, fragmento de um recipiente que substituía as folhas de papiro, mais caras, para a escrita de textos religiosos ou funerários. Os signos nele gravados não são escrita hieroglífica, e sim, hierática. Mais simples e fácil de grafar, essa escrita era empregada no âmbito administrativo. Muitos ostraca, como o aqui exposto, foram encontrados em Deir el-Medina. Eles constituem uma fonte preciosa de informação sobre os habitantes locais e, de maneira mais geral, sobre a economia do Egito no período Ramessida.

Caixa Incrustada

Caixa Incrustada IV Dinastia (2543-2435 a.C.) Madeira, marfim, faiança 19 x 37,5 x 23 cm Gebelein Escavações de Ernesto Schiaparelli (1914) S. 16735

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Caixa Incrustada S. 16735 Não sabemos que tesouros teriam sido guardados nesta bela caixa. Seriam joias preciosas? Unguentos perfumados? Ou talvez finos enxovais? No antigo Egito não havia armários, por isso objetos deste tipo eram usados para guardar roupas. Em conjunto com as colunas no formato de flores de lótus, a incrustação em pasta vítrea e osso representa o tema da fachada do palácio, remete ao mundo feminino e sugere sensualidade e beleza. Que mãos abriram a caixa primeiro? Quem era seu proprietário? Que preciosidades continha? Claramente, seu conteúdo não deixou pistas, mas tudo leva a crer que nunca desapontou a pessoa que a possuía.

Colher Cosmética Zoomórfica

Colher Cosmética Zoomórfica XVIII-XIX Dinastia (1539-1190 a.C.) Grauvaque 9,7 x 13,5 cm Proveniência desconhecida Aquisição anterior a 1882 Cat. 3342

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Colher Cosmética Zoomórfica Cat. 3342 Embora seja um objeto pequeno, o refinamento – tanto do material usado para produzir esta colher, como seu acabamento – nos leva a concluir que o proprietário era um alto dignitário da corte egípcia. Observe atentamente sua forma. Já descobriu o que é? É uma gazela com as pernas amarradas, pronta para o sacrifício. Em um dos lados, seu corpo é côncavo para conter a maquiagem; no outro lado, é convexo e decorado. Acredita-se que esta colher tenha sido usada no âmbito funerário, apesar de sua origem se dever a um antigo simbolismo: o da vitória da ordem sobre o caos, da razão humana sobre os instintos animais, do maat (ou justiça) sobre atos ilícitos no Egito, graças ao poder do faraó.

Religião

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Religião Ao longo de sua história, o antigo Egito foi politeísta. Um viajante que navegasse pelo Nilo do sul ao norte encontraria inúmeras cidades em que o culto local era dedicado a divindades específicas: Hórus em Edfu, Khnum em Esna, Amon em Tebas, Hathor em Dendera, Osíris em Abidos, Ptah em Mênfis e assim por diante. Uma peculiaridade da religião egípcia era que dois ou três nomes de divindades poderiam ser associados para criar outro deus ou deusa. As divindades egípcias manifestavam-se de várias maneiras, e muitas delas também tinham forma animal. Não é surpresa, portanto, que os animais relacionados com divindades específicas fossem adorados. O culto oficial ao deus ocorria nos templos – expressões perfeitas de uma visão metafísica em pedra. As áreas eram divididas em públicas e sagradas, e apenas alguns sacerdotes e o rei tinham acesso a estas últimas, sendo a estrutura arquitetônica semelhante a um telescópio que gradualmente passava da luz terrestre para as sombras e, depois, para a escuridão. O tipo mais pessoal e íntimo de devoção que os egípcios podiam expressar em relação à divindade era o culto votivo, no qual objetos como estatuetas de bronze da divindade eram ofertados aos deuses em troca de favores particulares.

Fragmento de Estátua de um Sacerdote (cabeça)

Fragmento de Estátua de um Sacerdote (cabeça) Amenhotep III (1390-1352 a.C.) Quartzito amarelo H. 24 cm Proveniência desconhecida Aquisição anterior a 1882 Cat. 3141

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Fragmento de Estátua de um Sacerdote (cabeça) Cat. 3141 Os templos egípcios eram locais sagrados, cujo acesso era permitido apenas a poucos escolhidos. Mesmo o faraó e os sacerdotes, antes de entrarem no recinto, deveriam proceder à meticulosa lavagem ritual de seus corpos. Em seguida, vestiam trajes de linho branco e imaculado, uma vez que vestes confeccionadas com peles de animais eram consideradas impuras. O cabelo era tido como igualmente impuro, por isso a cabeça raspada se tornou característica dos sacerdotes. Presume-se que o fragmento de estátua aqui exposto tenha pertencido a um deles, pois retrata um homem de cabeça grande e formato do rosto delicadamente diferenciado. No que se refere ao trabalho artístico, a estátua foi provavelmente encomendada a um ateliê real por uma figura do alto escalão.

Estatuetas em bronze

1. Estatueta em bronze do deus Amon Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 11,7 cm Proveniência desconhecida Adquirido por Bernardino Drovetti (1824) Cat. 89 2. Estatueta em bronze do deus Nefertum Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 12,5 cm Proveniência desconhecida Adquirido por Bernardino Drovetti (1824) Cat. 213 3. Estatueta em bronze da deusa Sekhmet Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 16,5 cm Proveniência desconhecida Coleção Bernardino Drovetti (1824) Cat. 230 4. Estatueta em bronze do touro Ápis Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 5,7 cm Proveniência desconhecida Coleção Bernardino Drovetti (1824) Cat. 812 5. Estatueta em bronze do deus Hórus Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 9,5 cm Proveniência desconhecida Coleção Bernardino Drovetti (1824) Provv. 5911 6. Estatueta em bronze da deusa Ísis Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 16 cm Proveniência desconhecida Coleção Bernardino Drovetti (1824) Cat. 149 7. Estatueta em bronze do deus Osíris Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 17,3 cm Proveniência desconhecida Coleção Bernardino Drovetti (1824) Cat. 50 8. Estatueta em bronze de um ureu III Período Intermediário (1076-722 a.C.) Bronze, pasta vítrea H. 15 cm Proveniência desconhecida Coleção Bernardino Drovetti (1824) Cat. 969 9. Estatueta em bronze da deusa Bastet Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 4,4 cm Proveniência desconhecida Museo Egizio, Turim S. 52 10. Estatueta em bronze do deus Thoth Período Tardio (722-332 a.C.) Bronze H. 4,4 cm Proveniência desconhecida Doação de 1970 S. 18092

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Estatuetas em bronze Cat. 249 O panteão egípcio surpreende pelo número e variedade de deuses venerados no Vale do Nilo. Enquanto algumas divindades eram cultuadas em todas as partes do país, outras eram veneradas localmente. Cada divindade tinha seu próprio lugar de devoção: Osíris era o deus de Abidos; Thoth, o deus de Hermópolis; Bastet, a deusa de Bubastis; Amon, o deus de Tebas; Montu, o deus de Armant, e assim por diante. Peregrinos empreendiam longas jornadas aos centros de culto, que terminavam com a apresentação de uma oferenda. Essa tradição pode ter levado a uma imensa produção de estatuetas de bronze representando as divindades na forma de pessoas, animais ou híbridos dos dois. Você consegue identificar a deusa-gato, Bastet, nestas imagens? E o touro Ápis? Observe-os individualmente: cada um deles conta uma longa história...

Estátuas da Deusa Sekhmet

Estátua da deusa Sekhmet XVIII Dinastia (1539-1292 a.C.) Granodiorito H.213 cm Karnak, Tebas cat. 262

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Estátua da Deusa Sekhmet Cat. 262 “Sou a deusa Sekhmet, a leoa. Sou a filha do deus do sol, Ra, esposa do deus Ptah, mãe do deus Nefertum. Sou venerada pela minha ferocidade, a incorporação dos raios do sol. Minha respiração cria o deserto porque meu hálito é de fogo, temido até pela serpente Apopis e pelo deus Seth. Fui instrumento da vingança de Ra contra a maldade dos homens. O sangue deles me embriagou, e minha sede foi aplacada por engano: bebi cerveja vermelha em lugar de sangue humano. Meus olhos ficaram pesados, o sol se apagou e, ao acordar, extensas ladainhas de orações e oferendas me mantiveram afastada nos séculos posteriores.”

Fragmento de Estátua Mágica

Fragmento de Estátua Mágica Período Tardio (722-332 a.C.) Esteatita Proveniência desconhecida Cat. 3031

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Fragmento de Estátua Mágica Cat. 3031 Para os egípcios, seu país era o lugar mais bonito do mundo, com o longo Nilo tornando a terra fecunda e os jardins, luxuriantes. No entanto, as altas temperaturas e as condições climáticas favoreciam a ocorrência de muitas cobras e escorpiões, alguns extremamente venenosos. As pessoas eram muitas vezes mordidas ou picadas. Felizmente, havia vários antídotos mágicos que curavam as feridas, incluindo a água, que se tornava mágica quando derramada sobre fórmulas inscritas em estátuas como esta. Neste fragmento de estátua mágica vemos o deus Hórus em pé entre duas hastes encimadas por um falcão e uma flor de lótus, respectivamente, pisando em crocodilos e tendo nas mãos serpentes e um escorpião.

Sarcófago para Gato

Sarcófago para Gato Período Tardio (722-332 a.C.) Madeira, pintura, material orgânico, bandagem de linho Proveniência desconhecida Cat. 2369

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Sarcófago para Gato Cat. 2369 Kemuhep deve ter sido um fiel devoto da deusa Bastet, a ponto de doar ao seu templo uma oferenda na forma de sarcófago contendo um gato mumificado. Em contrapartida, ele pedia uma graça especial: “Oh, grande deusa Bastet! Concedei-me vida, força e uma longa e feliz velhice!”. É o que consta na fórmula inscrita em signos hieroglíficos na tampa do sarcófago de gato, cujo formato é semelhante ao daqueles usados para humanos no mesmo século VIII a.C., e cuja tipologia reproduz a tumba de Osíris, o deus associado à vida no Além. Essa prática era típica do culto de animais, considerados sagrados no Egito Antigo. Os gatos, em particular, eram muito comuns e frequentemente viviam nas casas com as pessoas.

O Culto Funerário

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O culto funerário A crença na vida após a morte no antigo Egito estava intimamente ligada à necessidade de preservar o corpo do defunto. Para esse propósito, desenvolveu-se um complexo processo de embalsamamento que permitiu a conservação de muitos corpos até a atualidade. O destino dos defuntos, no entanto, não era o mesmo para todos: ao faraó cabia o plano celestial. Subia ao céu e se tornava uma estrela, assim como as outras divindades. As pessoas comuns estavam destinadas a um mundo paralelo, para o qual levariam seus mesmos hábitos de vida na Terra. Acreditava-se que o Reino dos Mortos, governado pelo deus Osíris, localizava-se no Ocidente, onde o sol se punha. Exatamente por isso, as necrópoles se erguiam na margem oeste do Nilo, enquanto as cidades ficavam na margem leste. Ainda segundo a crença, todos os dias, ao amanhecer, a deusa Nut voltava a parir o sol, para o recolher em si ao anoitecer. Essa imagem, assim como os perigos enfrentados pelo sol, estava associada à ideia da jornada difícil que o defunto tinha de empreender para alcançar os campos de Iaru. Os Textos dos Sarcófagos e, mais tarde, o Livro dos Mortos, além de numerosas outras fórmulas mágicas escritas sobre os objetos pertencentes ao equipamento funerário, serviriam para ajudar os defuntos nessa trajetória e garantir sua vida eterna.

Piramídeo de Khonsu

Piramídeo de Khonsu XIX Dinastia (1292-1190 a.C.) Calcário Deir el-Medina Cat. 1622

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Piramídeo de Khonsu Cat. 1622 Os dignitários do Novo Império encomendavam a construção de capelas funerárias sobre seus túmulos, assim como os grandes faraós do Antigo Império haviam construído pirâmides. Embora piramidais, as capelas eram menores e erigidas com tijolos de barro cru. Em termos de simbolismo, sua parte mais importante era o ápice, conhecido como piramídeo, produzido em calcário e coberto com baixos-relevos policromáticos. O piramídeo era o primeiro elemento arquitetônico a receber os raios do sol da manhã e, nos relevos deste belo exemplo, o sol é representado em todas as suas formas: como o escaravelho Khepri, o sol da manhã; como o deus falcão Ra-Harakhti, o sol do zênite; e como o deus Aton no barco solar, o pôr do sol.

Estela falsa-porta de Baki

Estela falsa-porta de Baki XVIII Dinastia (1539-1292 a.C.) Granito Proveniência desconhecida Cat. 1551

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Estela falsa-porta de Baki Cat. 1551 Os antigos egípcios não acreditavam que a vida após a morte acontecesse num lugar geográfico e espacialmente limitado, mas sim numa espécie de dimensão paralela, muito semelhante à vida terrena, onde o ka, ou alma, do defunto podia se movimentar livremente. As falsas-portas permitiriam que o ka viajasse da câmara do sarcófago para a outra dimensão e vice-versa. Além disso, as estelas falsas-portas não apenas permitiriam tal movimentação do ka, mas também forneceriam as oferendas funerárias que garantiriam sua sobrevivência. O proprietário desta estela falsa-porta em calcário pintado de vermelho era Baki, que certamente ansiava por desfrutar das liberdades prometidas.

Sarcófago e múmia de Tararo

Sarcófago e múmia de Tararo XXIII-XXV Dinastia (746-655 a.C.) Madeira, estuque, pintura, material orgânico, linho Sarcófago, Múmia Tebas Cat. 2220/2, Cat. 2220/3

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Sarcófago e Múmia de Tararo Cat. 2220/2, Cat. 2220/3 “Sou Tararo, a dona da casa. Sou uma nobre egípcia que viveu há quase 3 mil anos. Após minha morte terrena, meu corpo foi confiado a sacerdotes habilidosos que cuidaram dele e o preservaram, para que permanecesse inalterado por toda a eternidade, sob camadas de bandagens embebidas em resinas e óleos sagrados. A deusa Nut me guardou por todo esse tempo. Com seu corpo, protegeu o meu dos espíritos da putrefação; com o sol que ela traz nas mãos, garantiu o calor e a energia vital que me permitirão viver por milhões de anos. Sou Tararo, a dona da casa, e viverei por toda a eternidade.”

Mesa de Oferendas de Montuemhat

Mesa de oferendas de Montuemhat XXV Dinastia (722-655 a.C.) Calcário TT 34, Asasif, Tebas Cat. 1760

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Mesa de Oferendas de Montuemhat Cat. 1760 Oferendas funerárias eram os elementos que garantiriam ao defunto a vida eterna. Sem elas, a mumificação, a tumba, os equipamentos funerários e todos os outros objetos seriam inúteis. Para continuar vivendo no Além, o morto precisaria de comida. As mesas de oferendas representavam simbolicamente os alimentos indispensáveis e, desta forma, asseguravam que o defunto tivesse oferendas funerárias por toda a eternidade. Se observarmos o objeto com mais atenção, perceberemos que representa dois pães redondos, um jarro com bico vertendo água em uma bacia com os nomes dos sete óleos sagrados usados para ungir o corpo. Para completar, a parte externa inclui uma descrição da purificação e o ritual da oferenda.

Estatuetas em madeira dos quatro filhos do deus Hórus

Estatuetas em madeira dos quatro filhos do deus Hórus Período Tardio (722-332 a.C.) Madeira Delta (?) Adquirido por Bernardino Drovetti (1824) Cat. 705, Cat. 706, Cat. 707, Cat. 708

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Estatuetas em Madeira dos Quatro Filhos do Deus Hórus Cat. 705, Cat. 706, Cat. 707, Cat. 708 Anúbis, o deus chacal, era o deus da mumificação. Presidia o “pavilhão” onde ocorria o complexo trabalho de mumificação. Mas a proteção dos órgãos do defunto era confiada diretamente aos quatro gênios funerários, filhos do deus Hórus: Imsety, com cabeça humana; Qebehsenuef, com cabeça de falcão; Hapi, com cabeça de babuíno, e Duamutef, com cabeça de cão. Por esse motivo, a partir do Novo Império, as tampas dos vasos canópicos usados para preservar o intestino tinham formato zoomórfico e reproduziam as características dos filhos de Hórus, indispensáveis para o sucesso do ritual de mumificação.

Shabtis de Nespayherhat

Shabtis de Nespayherhat III Período Intermediário (1076-722 a.C.) Terracota, pintura Deir el-Medina S. 1129-1217, S. 1347-1435

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Shabtis de Nespayherhat S. 1129-1217, S. 1347-1435 Oh, shabti, se Osíris convocar (o defunto) para realizar trabalhos no submundo ou para alguma tarefa desagradável necessária por lá, como homem cumpridor de seu dever, dirás: “Aqui estou!”. Se fores chamado, servirás lá a qualquer momento cultivando os campos, irrigando as margens do rio, carregando areia de leste a oeste e vice-versa. “Aqui estou!”, dirás. Fórmula para trazer shabtis à vida, extraída do Livro dos Mortos, Capítulo VI, em tradução livre.

Estatuetas do ba de Iuefentahat

Estatuetas do ba de Iuefentahat Período Tardio (722-332 a.C.) Madeira, pintura Proveniência desconhecida Cat. 6963/1, Cat. 6963/3

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Estatuetas do ba de Iuefentahat Cat. 6963/1, Cat. 6963/3 O dia do infortúnio se aproxima de mim, e ficas ao meu lado como um [demônio?]. Assim é quem sai e se entrega a ele. Ó minha alma tu és capaz de consolar a miséria na vida, e me desencorajas da morte, antes que eu chegue a ela: faze que o oeste seja doce para mim! Um dos elementos que compunham a alma do defunto era ba, imaginado como um pássaro com cabeça humana. Suas asas permitiam que se movimentasse livremente na tumba e na vida no Além.

Escaravelho-coração de Nek

Escaravelho-coração de Nek Período Tardio (722-332 a.C.) Esteatita verde Proveniência desconhecida Cat. 5995

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Escaravelho-coração de Nek Cat. 5995 “Oh meu coração de minha mãe, não fique contra mim como testemunha, não se oponha a mim no tribunal, não me hostilize na presença dos guardiões da balança...” Com esta fórmula mágica, escrita na base do escaravelho-coração, o falecido Nek garantia que passaria ileso pelo julgamento do deus Osíris e chegaria com segurança à vida no Além. De acordo com o conceito egípcio, o coração era a sede do pensamento humano e, portanto, órgão indispensável para o defunto, mesmo após a morte terrena.

Fragmento de Tampa de um Sarcófago Antropoide

Fragmento de Tampa de um Sarcófago Antropoide Novo Império, XIX Dinastia (1292-1190 a.C.) Pedra, pintura Tebas Cat. 2208

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Fragmento de Tampa de um Sarcófago Antropoide Cat. 2208 “Quando o cinzel acabar de bater em ti, tu ficarás lindo, assim como espera teu proprietário. Para ti, escolhi o melhor calcário, as cores mais brilhantes, feitas com minerais preciosos. A ti estou dando um belo rosto redondo, emoldurado por uma peruca cheia, olhos elegantes, alongados com seda marinha, e lábios cerrados. Foste vestido com uma requintada túnica drapeada, amarrada na cintura, e, para tua proteção, descrevi o mais benevolente de todos os deuses: a deusa Nut, com suas grandes asas, que te abraçará por toda a eternidade. Te esculpi com devoção, porque trabalho para o faraó e seus dignitários. Tu pertencerás a um deles e tomarás seu lugar se o corpo for possuído pelos espíritos da putrefação."