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Imagem de capa da exposição

RGB: As Cores do Século

Belém

Centro Cultural Bienal das Amazônias

15/05/2024 - 09/09/2024

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Orientações Mapa Tátil

Introdução e Curatorial

Seja muito bem-vinda, seja muito bem-vindo à exposição RGB: As Cores do Século. Instalada no térreo do Centro Cultural Bienal das Amazônias, esta é a primeira exposição inteiramente dedicada à obra de Carlos Cruz-Diez em Belém do Pará e na Amazônia Brasileira, celebrando seu centenário e apresentando algumas de suas criações mais significativas. O artista nasceu em 1923, em Caracas, na Venezuela e faleceu em 2019, aos 95 anos, em Paris, na França, cidade onde se estabeleceu em 1960 por acreditar ser o local onde a sua obra encontraria as melhores condições para se desenvolver. Cruz-Diez formou-se como Professor de Artes Aplicadas na Escola de Belas-Artes de Caracas e, no final dos anos 50, rompeu com os preceitos estéticos da época dedicando sua obra à investigação do fenômeno cromático e dos efeitos produzidos nos limites da visão, dissociando a cor da forma ao tratá-la como um acontecimento que emerge do plano para o espaço, a partir do encontro com o espectador. RGB, a abreviatura de Red [vermelho], Green [verde] e Blue [azul], que dá título à mostra, refere-se ao sistema de cores aditivas onde as três cores são somadas para formar um amplo espectro de outras cores, sendo a função principal deste sistema a reprodução das novas cores em dispositivos eletrônicos e digitais. O conjunto de obras aqui exposto foi totalmente reproduzido a partir da transferência digital de arquivos, abrangendo as icônicas séries Couleur Additive [Cor Aditiva], Induction Chromatique [Indução Cromática], Couleur à l’espace [Cor no espaço], as instalações Douches d'Induction Chromatique [Duchas de Indução Cromática], especialmente adicionada a esta montagem em Belém, e Chromosaturation [Cromossaturação], além do projeto digital Interactive Chromatic Random Experience [Experiência Cromática Aleatória Interativa]. O conjunto de obras não foi transportado, mas sim transferido, produzido e remontado no local, seguindo as minuciosas instruções e especificidades anteriormente estabelecidas pelo artista. Carlos Cruz-Diez descreveu, em diversas ocasiões, a programação sistemática de suas investigações. A defendia, argumentando que “ os suportes que consegui estruturar são fonte de surpresas e de imponderáveis… Nas minhas obras nada é deixado ao acaso; tudo é pretendido, planejado e programado. A liberdade e as emoções só estão presentes na escolha das cores, tarefa com apenas uma restrição autoimposta: ser eficiente no que quero dizer. É uma combinação de razão e emoção. Não me inspiro: reflito.” Em outra ocasião, menciona "Essa é uma das reflexões que me motivaram a buscar um discurso de tanta simplicidade que todo mundo pudesse compreender, porque arte é comunicação". Lívia Conduru, diretora-presidenta da Bienal das Amazônias, salienta que o renomado mestre da arte cinética traz consigo uma expressão singular de cores vibrantes e movimento, que ecoa profundamente com a pulsante essência amazônida. A obra de Carlos Cruz-Diez transcende barreiras geográficas, conectando-se de maneira intrínseca com a diversidade e a riqueza cultural que caracterizam a região. O espaço abriga paredes inclinadas que oferecem um percurso angular inspirado nas padronagens arquitetônicas da Ilha do Marajó e em grafismos oriundos do Alto Rio Negro, como os elaborados pelos povos Baniwa, Tukano e Desana. Além disso, materiais como o bambu miriti, aproximam a produção de Cruz-Diez às soluções e tecnologias Amazônidas. De acordo com Ana Clara Simões Lopes, coordenadora de pesquisa da mostra, adaptar o projeto concebido pelo Atelier Cruz-Diez em colaboração com Michel Gauthier e o Centre Pompidou ao contexto brasileiro e, em especial, amazônico, representa também a busca pela aproximação do artista às raízes geográficas e culturais de seu pensamento, refletida em soluções que abarcam os materiais, vocações e características locais. As investigações de Cruz-Diez se completam com o encontro com o espectador. Por isso, experimente as obras e aproveite a visita!

Introdução e Curatorial

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Institucional e Carlos Cruz-Diez

A exposição RGB: As Cores do Século, que você visita aqui, foi idealizada e curada por Carlos Cruz-Diez, em próxima colaboração com o Centre Pompidou - Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris. E tem contado com a parceria de instituições culturais, museus, galerias e personalidades culturais das principais capitais do mundo para destacar o legado artístico de Carlos Cruz-Diez, um dos principais pensadores da cor no século XX. O maior número de obras do artista já reunidas por um museu está no Centre Pompidou, reiterando a relação especial entre a instituição e o artista. São 58 obras que abrangem de 1954 a 2016, cobrindo a totalidade das investigações de Cruz Diez. Além disso, outra razão, talvez ainda mais fundamental, liga o Centre Pompidou a Carlos Cruz-Diez: seus dispositivos interativos, suas intervenções urbanas e sua constante preocupação com a educação demonstraram que ele nutriu uma visão social da arte e de sua necessária democratização, perspectivas presentes no cerne das ambições e atividades centrais do Centre Pompidou. O projeto RGB: As Cores do Século foi concebido por Carlos Cruz-Diez em 2014, sendo RGB o nome de um sistema de codificação de cores desenvolvido em 1931. Este modelo de cor é baseado no princípio aditivo de três cores primárias, o vermelho, o verde e o azul, e é o sistema utilizado pelos monitores digitais como CRT ou LCD, pelas câmeras digitais e outros scanners. Por se tratar de uma exposição onde o único e principal transporte do conjunto de obras é a transferência de dados digitais, este projeto coroa a estreita relação entre o meio digital e o artista, que em 2001 passou a dedicar-se mais enfaticamente à composições produzidas em computador. A estética de Cruz-Diez apresenta dois componentes fundamentais e que estão intimamente relacionados: a cor liberta-se do seu suporte tradicional e o objeto de arte se torna participativo. A sua investigação sobre a cor, de grande rigor científico, levou-o logicamente a valorizar os efeitos puramente luminosos e, consequentemente, a empenhar-se numa espécie de desmaterialização da sua arte. Para Cruz Diez, a obra de arte tende a ser menos um objeto físico entregue à contemplação e mais um aparato para gerar uma situação que o público experimenta. A arte de Cruz-Diez, nesse sentido, não propõe objetos, mas sim situações. Além disso, é de fato a ambição, propriamente política, de tornar a arte participativa, que levou o artista a pensar sua obra plástica nos termos que normalmente se aplicam às artes da performance (teatro, dança ou música), fortemente pautadas pela experiência, concebendo suas obras como "acontecimentos" ou "partituras" a serem interpretadas. Sobre RGB: As Cores do Século, Cruz-Diez escreveu em Paris, no ano de 2014: “Antes do surgimento da televisão em cores, as imagens impressas que percebíamos eram obtidas graças ao amarelo, azul, vermelho e preto. Essas cores químicas foram projetadas para um meio opaco, como o papel. A televisão e todos os meios digitais produzem imagens luminosas e, como resultado, tornam visíveis as cores físicas, as cores de um prisma: vermelho, verde, azul, luz e sua ausência. Nestes trabalhos sistematicamente programados, utilizei apenas o vermelho, o verde, o azul e o preto, mais o branco que é contribuído pelo meio opaco. O efeito parece contraditório porque obtenho, com um meio não luminoso, as cores de um prisma, as cores da luz. Os resultados inesperados desta investigação, que venho realizando desde 1959, continuam a surpreender-me. Procuro transmitir ao espectador, em cada obra, a alegria pelo espanto da descoberta.”

Institucional e Carlos Cruz-Diez

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Carlos Cruz-Diez é um dos principais protagonistas da arte contemporânea. As pesquisas e os escritos do artista fazem dele o grande pensador do século 20 no domínio das cores. O trabalho de Cruz-Diez revelou uma nova compreensão dos fenômenos cromáticos na arte, ampliando consideravelmente seu universo perceptivo. O artista nasceu em 17 de agosto de 1923, em Caracas, na Venezuela. Quando criança, a pipa era um de seus brinquedos favoritos. Ele já se encantava com a transparência das cores contra o céu brilhante. Cruz-Diez estudou na Escola de Belas-Artes de Caracas e formou-se como Professor de Artes Aplicadas. Além de lecionar, ele trabalhou também como ilustrador e designer em jornalismo e propaganda, sempre em paralelo à pintura. Em 1955, foi a Paris e visitou a Galeria Denise René que apresentava a exposição pioneira Le Mouvement com trabalhos de Agam, Bury, Calder, Duchamp, Jacobsen, Soto, Tinguely e Vasarely. Alguns anos depois, em 1959, criou o primeiro Couleur Additive e Physichromie. A partir desta data, com a dissociação da combinação forma-cor, Cruz-Diez dá início à plataforma conceitual que desenvolveria ao longo de sua vida, que compreende oito investigações sobre os fenômenos da cor: Couleur Additive (1959), Physichromie (1959), Induction Chromatique (1963), Chromointerférence (1965), Transchromie (1965), Chromosaturation (1965), Chromoscope (1968) e Couleur à l’Espace (1993). No ano de 1960, instalou-se permanentemente em Paris com sua família. No ano seguinte, participou da exposição Bewogen Beweging no Museu Stedelijk em Amsterdã, Holanda e, em 1965, da exposição The Responsive Eye no MoMA, (Nova Iorque, EUA), uma coletiva com obras de 99 artistas ligados à Arte Op e Cinética. Em 1969, instalou o Labyrinthe de Chromosaturation no Boulevard Saint-Germain, em Paris. Logo em seguida, em 1970, foi realizada uma exposição individual do artista no Pavilhão Venezuelano da 35ª Bienal de Veneza, na Itália. Cruz-Diez foi membro do júri do diploma da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris, França, em 1973. No ano seguinte, aconteceu a instalação de um dos seus trabalhos monumentais mais icônicos: Ambientación de Color Aditivo, no Aeroporto Internacional Simon Bolivar em Maiquetia, Venezuela. Em 1989 foi publicada a 1ª edição de seu ensaio seminal Reflexión Sobre el Color, em Caracas, Venezuela. Este livro já foi traduzido para o Inglês, Francês e Chinês tradicional. Em 1997 foi a vez da inauguração do Museo de la Estampa y el Diseño Carlos Cruz-Diez, em Caracas, Venezuela. Em 2010, Cruz-Diez expos pela primeira vez na China, com a mostra Environment Chromatic Interferences, Interactive Space, no Museu de Arte Guangdong, em Guangzhou (Canton). 2011 foi o ano da abertura da exposição Carlos Cruz-Diez: Color in Space and Time, no Museum of Fine Arts, Houston (MBAH), Estados Unidos, e esta mostra continua a ser, até hoje, a mais completa retrospectiva da sua obra. Em Paris, em 2012 Cruz-Diez foi nomeado Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra, e em 2014 publicou suas memórias Vivir en Arte, recuerdos de lo que me acuerdo, também em Paris. Carlos Cruz-Diez faleceu aos 95 anos, em 2019, em Paris, França. Guiados por seu exemplo e afeição, sua família, a Fundação Cruz-Diez e os estúdios administram o seu legado para promover, conservar e divulgar seu trabalho e ideias. No ano de 2020, sua Chromosaturation (Paris 1965/2013) esteve na Expo 2020 em Dubai, Emirados Árabes Unidos. E em 2023, inúmeras instituições uniram forças com a família, os estúdios e a Fundação Cruz-Diez para celebrar o centenário do último pensador da cor no século XX. Como parte desta celebração, foi projetado um vídeo de homenagem na Timesquare, em Nova Iorque; a exposição RGB: As Cores do Século está excursionando pelo mundo em colaboração com o Centre Pompidou; e uma importante obra de arte monumental, Chromostructure (Paris, 2016), foi inaugurada em Xangai, China. A mostra RGB: As Cores do Século conta também com dois documentários: The Path of Color, com aproximadamente 10 minutos de duração, e Free Color, com 80 minutos de duração. As obras trazem um pouco mais sobre a vida e a obra do artista. Não deixe de assisti-los.

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Couleur Additive | Cor Aditiva

Couleur Additive ou Cor Aditiva em português, é uma série que teve início em 1953 e as oito obras expostas nesta mostra são de 2014. Todas as obras têm a mesma dimensão, 100 cm x 100 cm, e são refações impressas a partir das instruções deixadas pelo artista. Carlos Cruz-Diez deu início às investigações que compõem a série Cor Aditiva em 1953, a partir de estudos sobre as teorias de personalidades como Isaac Newton, Johann Goethe, James Maxwell, Eugène Chevreul, Josef Albers e Johannes Itten. Além disso, ele revisou as experiências de James Maxwell e sua definição de luz, e de Louis Ducos de Hauron e sua teoria subtrativa. No entanto, foram as experiências de Edwin Land, inventor da câmera Polaroid, que mais o impressionaram. Cor Aditiva é uma série baseada na radiação da cor. Quando um plano de cor toca outro, uma linha vertical mais escura aparece no ponto de contato. Esta linha virtual contribui de fato com uma terceira cor que não está no suporte. Ao isolar este fenômeno óptico, Cruz-Diez obtém os chamados “Módulos de Eventos Cromáticos” responsáveis, de certa forma, pela transformação contínua da cor. Em Couleur Additive RVB 1, de um fundo preto se destacam três quadrados, sendo um vermelho que se aproxima do centro e da parte superior da obra, um verde mais ao meio e à esquerda e outro azul, mais perto da borda inferior direita. Estas cores, vermelho, verde e azul, não são compactas, elas são como pequenas tiras de cor, semelhantes a finas listras verticais. No encontro de cada cor de cada quadrado, surgem novas cores, a terceira cor que não está no suporte, mas que é virtual e que surgiu no contato. Onde se encontram o vermelho e o verde, salta um novo quadrado amarelo. Na junção entre azul e vermelho, percebe-se o roxo. Ao centro, onde se unem vermelho, verde e azul, há agora um azul acinzentado. As demais obras da série têm as mesmas características, onde de formas circulares, losangulares ou retangulares, sempre em vermelho, verde e azul, se desprendem do fundo novas cores, passando para o primeiro plano da imagem, sendo constantemente recriadas e revitalizadas.

Couleur Additive | Cor Aditiva

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Induction Chromatique | Indução Cromática

Induction Chromatique ou Indução Cromática em português, é uma série iniciada em 1963 por Cruz-Diez e as sete obras expostas nesta mostra são de 2014. Todas as obras têm a mesma dimensão, 100 cm x 100 cm, e são refações impressas a partir das instruções deixadas pelo artista . A primeira Indução Cromática apareceu quase que por acidente, em um dia do ano de 1963, enquanto Carlos Cruz-Diez trabalhava em uma impressão. O artista acabara de imprimir um padrão azul e estava acrescentando um padrão preto e, quando levantou a tela para verificar o resultado, percebeu que havia surgido uma cor complementar, um amarelo fraco. Apesar de não o haver previsto, o artista percebeu que se tratava de uma indução porque via ali uma cor complementar. A Indução Cromática está intimamente relacionada ao fenômeno da “pós-imagem”, ou persistência retiniana. Em outras palavras, a retina do olho, depois de olhar para um plano vermelho por um certo período de tempo, retém, mesmo depois de desviar o olhar, uma imagem do plano - em verde; que é a cor induzida ou cor complementar. Se o plano for azul, a cor induzida ou cor complementar será o amarelo. Esse fenômeno descrito anteriormente ocorre em duas fases, porém, a Indução Cromática o realiza simultaneamente. Em outras palavras, estabiliza e torna visível um fenômeno que só pode ser captado momentaneamente. A cor que aparece é e não é — tem existência virtual — porém é tão real quanto os pigmentos utilizados em uma pintura. Isso é demonstrado pelo amarelo indutivo, obtido pela sobreposição de preto, azul e branco; laranja indutiva, produzida com azul, amarelo e preto; ou a indução do vermelho, por meio do verde, do branco e do preto. O efeito que se produz depende do espectador, porque é o cérebro que processa os contrastes. O que o artista faz é tornar óbvio um fenômeno natural da percepção humana. Na obra Induction Chromatique à double fréquence RVB 4 aqui exposta, finíssimas tiras verticais nas cores azul, amarelo, vermelho, verde, laranja e preto se intercalam. Essas tiras não se apresentam da mesma cor de cima a baixo e a impressão que temos é que se modificam em pequenos intervalos. Nesta composição, surgem duas faixas diagonais claras, quase brancas, que cruzam a obra, uma na parte inferior esquerda e outra mais acima. Entre elas se destaca um fundo mais escuro e toda a obra adquire movimento, como se pequenas lâminas coloridas saltassem e ondulassem em intervalos ritmados. Com base nessas experiências com o fenômeno da persistência retiniana, Cruz-Diez, desenvolveu também Douche d’Induction Chromatique que você pode conhecer aqui no Centro Cultural Bienal das Amazônias. A obra é uma instalação onde é possível vivenciar e experimentar a Indução Cromática. Experimente!

Induction Chromatique | Indução Cromática

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Couleur a l’espace | Cor no espaço

Em seu discurso artístico, Cruz-Diez desenvolveu oito séries de pesquisa e entre elas está Couleur a l’espace, ou Cor no espaço, em português. Esta ideia é chave no trabalho do artista, que nunca deixou de refinar o seu discurso a respeito da cor em interação com o espaço. Ele buscou constantemente resultados que apagassem qualquer interferência material, com o objetivo de evidenciar sempre a experiência da cor que se faz e se desfaz constantemente no espaço. Ao dividir planos de cor, Cruz-Diez os transforma em uma série de linhas paralelas cuja frequência varia de acordo com a mistura desejada. Esses fragmentos repetidos são a origem de uma nova cor. Para isso, Cruz-Diez desenha um fundo de módulos de eventos cromáticos e isola uma linha ou haste que funciona como um prisma e, assim, o espectador pode ver um espectro de cores que não está no suporte de fundo, mas no seu cérebro. Esse espectro de cores evolui de acordo com o movimento e a intensidade da luz circundante. Da série Couleur a l’espace, a obra Couleur à l’espace RVB 1, é apresentada nesta mostra. A obra tem 120 cm x 120 cm e é uma impressão que está totalmente coberta por linhas paralelas verticais, que se alternam nas cores vermelho-alaranjado e verde-azulado. No centro da obra salta uma haste escura, preta. Esta haste preta parece ser vertical, mas ela é ligeiramente inclinada e longa, e ela não atinge as extremidades superior e inferior da tela, o que pode causar a impressão de que a cor não está no suporte, que foi lançada ao espaço.

Couleur a l’espace | Cor no espaço

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Chromosaturation | Cromossaturação

Idealizada inicialmente em 1965 e apresentada pela primeira vez em 1968, Chromosaturation, ou Cromossaturação, em português, é um marco na carreira de Carlos Cruz-Diez, pois constitui o primeiro momento em que o artista transpôs integralmente a sua investigação pictórica para o espaço tridimensional. Este trabalho captura o esforço mais bem-sucedido de Cruz-Diez para projetar cores no espaço como um evento participativo. Um dia, em 1965, em seu ateliê em Paris, Cruz-Diez examinava as ranhuras entre as tiras de cores transparentes de uma obra e uma lâmpada iluminou o trabalho. O resultado foi uma atmosfera verde que parecia saltar da obra para o espaço. O artista pensou então que se fosse grande o suficiente poderia acomodar uma pessoa e que poderia haver espaços coloridos. Um vermelho, um verde, um azul. Um para cada cor fundamental do prisma. A instalação consiste em câmeras conectadas, iluminadas em tons altamente saturados de vermelho, verde e azul, cores do espectro de luz às quais a retina é diretamente sensível. Aqui é apresentada em um grande espaço retangular que contem em seu interior outro espaço em forma de U. Quando o espectador entra em uma destas câmeras, se encontra em uma absoluta monocromia, quer dizer, só pode ver uma cor. Mas os olhos são capazes de perceber uma ampla gama de tons de luz e o entorno monocromático causa inquietação. A estranheza da circunstância se deve ao fato de estarmos imersos numa única cor. Esta situação monocromática absoluta transmite uma sobrecarga à retina, que está habituada a perceber uma vasta gama de cores simultaneamente. À medida que o visitante avança pela instalação, a cor que domina uma câmara funde-se num continuum com a seguinte, e em cada ponto de transição é produzido um gradiente de cor. Ao enfatizar a cor como uma propriedade inerente à luz, a obra transforma a experiência visual em experiência física, ressaltando a noção de cor como um fenômeno material e físico que ocorre continuamente no tempo e no espaço. O primeiro modelo da obra, criado em meados da década de 1960, consistia em uma espécie de túnel ou corredor com paredes transparentes de plexiglass na cor vermelha, azul e verde. Foi pensado para o espaço público, para que o entorno pudesse ser visto e se estabelecesse um diálogo entre os espectadores da obra e quem a observava de fora. Desde então, diferentes configurações de Cromossaturação têm sido exibidas em todo o mundo, tanto em ambientes internos quanto externos. Embora tenham existido várias versões, todas as soluções desenhadas pelo artista têm o mesmo objetivo: utilizar a cor pura como infra-estrutura espacial para provocar uma intensa reação sensorial e emocional nos espectadores. A cromossaturação reimagina a cor como uma experiência corporal, na qual os visitantes se tornam participantes ativos, em vez de apenas olharem para a obra de arte, podendo ser entendida como uma obra aberta ou, nas palavras do historiador da arte Ariel Jiménez, como uma “pintura penetrável” que só se completa com a participação do observador.

Chromosaturation | Cromossaturação

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Douche d’Induction Chromatique | Ducha de Indução Cromática

Douche d’Induction Chromatique, ou Ducha de Indução Cromática, é um trabalho desenvolvido por Carlos Cruz-Diez em 1963, e foi especialmente adicionado a esta montagem em Belém. A obra faz parte do mesmo conjunto de investigação da série Indução Cromática e revela a percepção saturada da cor. A instalação é composta por três espaços individuais circulares, sendo um vermelho, um azul e um verde. De um aro na parte superior pendem lâminas plásticas translúcidas e, ao entrar nesta ducha, o visitante fica imerso 360o na cor e experimenta uma cor saturada. Pelo fenômeno da persistência da “pós-imagem”, ou persistência retiniana o exterior visível através dos intervalos das lâminas coloridas é da cor complementar àquela que compõe a ducha, ou seja, acontece aqui uma Indução Cromática. Para usar os termos do artista, é de fato uma obra que propõe a experiência de vivenciar “a cor autônoma, sem anedota, desprovida de símbolos ou conotações, a cor como fenômeno evolutivo no qual estamos envolvidos”, verdadeiramente a cor como “situação física”. Vivencie esse fenômeno você também!

Douche d’Induction Chromatique | Ducha de Indução Cromática

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Interactive Chromatic Random Experience | Experiência Cromática Aleatória Interativa

Interactive Chromatic Random Experience, Experiência Cromática Aleatória Interativa em português, é uma aplicação que segue o conceito participativo da obra de Carlos Cruz-Diez e está disponível em tabletes nesta mostra. Cruz-Diez sempre se interessou por novas tecnologias, descobrindo novas soluções para dar continuidade ao seu trabalho e envolver o público. Foi em 1995 que ele criou originalmente um programa para computador com a ajuda de seu filho, Carlos Cruz Delgado, que usou seus conhecimentos em programação para entregar o que Cruz-Diez desejava. Ao descobrir uma forma de compartilhar sua ferramenta com o espectador, Cruz-Diez permitiu que as pessoas vivenciassem alguns de seus processos em ateliê, de forma lúdica e imbuída de experimentalidade. O aplicativo permite que o visitante vivencie a linguagem formal e cromática do artista, manipulando a cor e seus diferentes comportamentos. É possível adicionar figuras, modificar linhas e telas, criando sua própria obra. A experiência dá a oportunidade ao espectador de vivenciar os comportamentos da cor a partir dos procedimentos e linguagem elaborados pelo artista. Assim como um músico interpreta uma partitura musical penetrando na mente do compositor, o aplicativo permite que o usuário acesse as ferramentas elaboradas por Cruz-Diez ao longo de seus anos de prática. O aplicativo permite que o visitante modifique as cores, as linhas e adicione figuras, criando sua própria obra. E, ao final, é só apontar a câmera do celular para o QRCode que será direcionado para o download da própria criação. Divirta-se!

Interactive Chromatic Random Experience | Experiência Cromática Aleatória Interativa

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Espectador

As obras de Carlos Cruz-Diez incentivam uma relação de conhecimento diferente, onde o espectador pode descobrir a sua capacidade de criar e destruir cores com os seus próprios meios perceptivos, ao mesmo tempo que encontra uma ressonância emocional através da sua experiência pessoal. A obra de Cruz-Diez é o resultado de uma ampla investigação sobre as cores e suas propriedades, entendendo a cor não como evento estático, mas como algo que evolui com o tempo, e com a relação com o espaço . O artista ambicionava a cor enquanto fato autônomo e evolutivo onde a implicação dos nossos sentidos revela eventos cromáticos. Para o artista, "a cor é um evento autônomo que não exige forma". Cruz-Diez convida o espectador a desfrutar da cor a partir de investigações em suas múltiplos formatos. O artista parece induzir o espectador a descobrir a cor como um acontecimento, uma circunstância, e não um fato consumado e absoluto. E compreender a cor como evento significa compreender a proposta de Carlos Cruz-Diez por uma estética da interação e participação dos observadores. Em suas obras, os esquemas de cor produzem uma sensação de movimento que permitem que os tons se multipliquem de acordo com a posição e distância do espectador e do ângulo do qual a luz, natural ou artificial, é refletida. Para Cruz–Diez o importante não é copiar a cor, e sim transformá-la, permitir a visualização de cores que vêm e vão, que não se prendem à própria obra. A cor, fenômeno instável, em contínua transformação, ao ser experienciada como luz, mais do que pigmento, liberta o olho do espectador da tarefa de interpretar formas figurativas. A relação do espectador com a obra de Carlos Cruz-Diez é uma das mais dinâmicas e interativas na arte contemporânea. Ele transformou a experiência da arte em um diálogo contínuo entre a obra e o observador, desafiando percepções e criando novas formas de ver e experienciar a cor e a luz. Aproveite a visita!

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