
50 Anos de Realismo - Do Fotorrealismo à Realidade Virtual
Rio de Janeiro
CCBB RJ
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Do fotorealismo à realidade virtual
Texto de Parede

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50 anos de realismo Do fotorealismo à realidade virtual A realidade na arte e a arte na realidade A realidade e sua representação são o ponto de partida desta exposição concebida para o Centro Cultural do Banco do Brasil, que visa trazer ao público brasileiro uma abrangente apresentação da realidade em diversos segmentos da arte contemporânea dos últimos cinquenta anos. Partindo do fotorrealismo, sendo este aprimorado através do hiper-realismo, seguido da perspectiva de expansão futura pelas novas mídias até a realidade virtual. O realismo possui seus primórdios já no século XVII através de pinturas com motivos sacros ou profanos exalando grande dramaticidade barroca, esta representada por figuras humanas extraídas do cotidiano da realidade grotesca e não idealizada. O surgimento do fotorrealismo, pinturas baseadas na representação de cenas fotografadas, se deu nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 70, e sua consequente infiltração na história da arte, aconteceu como resposta ou movimento oposto ao abstracionismo vigente na época. O hiper-realismo apareceu como uma tendência da pintura no final da década de 1970, amparada na realidade, ainda mais fiel que a própria fotografia. Sua força de expressão é tão significativa que se dissemina até os dias de hoje. Fotorrealismo e hiper-realismo propagam na pintura uma reprodução fiel de cenas do cotidiano, portraits, natureza-morta, assim como paisagens naturais e espaços urbanos. Essa tendência evoluiu e se expandiu para o tridimensional, através de esculturas ou, mais recentemente, das novas mídias até a realidade virtual. A mostra é dividida por segmentos: histórico, representado por Ralph Goings, Richard McLean, John Salt e Ben Schonzeit; contemporâneo, com a participação de Javier Banegas, Paul Cadden, Pedro Campos, Andres Castellanos, François Chartier, Simon Hennessey, Ben Johnson, David Kessler, Tom Martin, Raphaela Spence e Craig Wylie; tridimensionalidade, representada por John De Andrea, Peter Land e Giovani Caramello; e, por fim, obras de novas mídias, com a participação de Akihiko Taniguchi, Andreas Nicolas Fischer, Bianca Kennedy, Fiona Valentine Thomann, Sven Drühl, The Swan Collective e Regina Silveira.
Nikutai Corpo Carne
Escultura em fibra de vidro, ferro, arame, alumínio, tecido, pelos naturais e tinta acrílica - 230 cm de altura
Giovanni Caramello

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Retrato: Craig Wylie/ Simon Hennessey / Giovanni Caramello Escolhemos para este ambiente uma composição de obras autônomas, porém, entre si, todas relatam o ser humano em um momento mais contemplativo e de soberania diante de todo o entorno onde elas se encontram. Estas obras referem-se ao retrato em um momento introspectivo importante, como ponto de partida para esta mostra. Fazemos um convite para pensar sobre a impermanência, transitoriedade e a entrar em um processo de desaceleramento, enfatizado principalmente pela obra criada por Giovanni Caramello para esta mostra, de um dançarino de Butoh.
AB (prayer)
Óleo sobre tela 200 x 300cm
Craig Wylie

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Os artistas aqui expostos também têm obras em outras áreas da mostra. Craig Wylie e Simon Hennessey apresentam obras icônicas de sua produção, pela magnitude como as pinturas foram realizadas, fiéis ao modelo oriundo da fotografia dos artistas. Neste ambiente convidamos para um momento de introspecção.
Os primórdios do foto e hiper-realismo
Texto de Parede

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Os primórdios do foto e hiper-realismo Iniciamos a mostra 50 anos de Realismo – do Fotorrealismo à Realidade Virtual com a primeira geração de artistas pintores do foto e hiper-realismo. O período Pós-Guerra estava demarcado por um grande sentimento de perda e desgosto generalizado. Os artistas sentiram a necessidade de criar uma nova linguagem e optaram pela deformação da realidade para expressar de forma subjetiva, abstrata e gestual a natureza e o ser humano impulsionando assim o abstracionismo. O foto e hiper-realismo surgiram na década de 60 e 70 do século XX nos Estados Unidos e sua consequente infiltração na história da arte aconteceu como resposta ou movimento oposto ao abstracionismo vigente. O antecessor do Hiper-realismo foi o Fotorrealismo, pois as pinturas eram oriundas da representação de cenas fotografadas. As pinturas desse período retratam precisamente instantâneos do estilo de vida americano da classe trabalhadora, que frequentemente incluíam lanchonetes americanas, caminhonetes e pinturas de natureza morta de condimentos e demais alimentos. O estereótipo do "sonho americano" era aqui eternizado. Alguns dos artistas deste segmento participaram da histórica exposição Documenta de Kassel no ano de 1972, dando na época a primeira grande visibilidade a esta tendência em um contexto internacional.
Still Life with Pitcher
Aquarela 20 x 34cm
Ralph Goings

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Ralph Goings Ele foi um dos artistas selecionados para definir o movimento fotorrealista na década de 1960 e início dos anos 70. Suas pinturas a óleo e aquarelas geralmente retratam precisamente instantâneos do estilo de vida americano da classe trabalhadora, que frequentemente incluíam lanchonetes americanas, caminhonetes e pinturas de natureza morta de condimentos e demais alimentos. O estereótipo do ""sonho americano"" era eternizado em sua obra. Nesta mostra apresentamos seis trabalhos de Ralph Goings das décadas de 70 e 80, mostrando uma clara evolução de sua produção artística, partindo do espaço externo, repleto de simbologias da sociedade americana, seguindo para a reprodução do espaço interno de um restaurante até focar em suas minúcias – detalhes dos objetos sobrepostos sobre a mesa. Nota-se que seu interesse evoluiu do macrocosmo para o microcosmo do cotidiano americano.
Falcon
Óleo sobre tela 117 x 162,5cm
John Salt

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John Salt John Salt logo se tornou um dos pioneiros do movimento fotorrealista no início de sua carreira. Ele permaneceu também fiel à representação de sua realidade, a qual era fotografada e pintada por ele meticulosamente. Depois de testemunhar os dois lados do “American Dream”, o estilo de vida da cidade grande, Fifth Avenue contra a vida rural atingida pela pobreza, Salt tomou a decisão de assumir um olhar mais crítico e retratar apenas o desgaste da sociedade de consumo americana. Suas pinturas se concentravam a partir daí em imagens de carros abandonados e trailers dilapidados, muitas vezes retratados em uma paisagem americana suburbana ou semi-rural, com a banalidade e o desalinho do objeto contrastando com a imaculada e meticulosa obra de arte por ele criada. Isto pode ser constatado nas obras do artista que aqui expomos, produzidas em quatro décadas distintas.
O retrato hiper-realista
Texto de Parede

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O retrato hiper-realista O gênero do retrato é muito difundido na obra fotorrealista e hiper-realista. Os artistas neste caso se baseiam na maior parte em modelos, os quais eles mesmos fotografam. As pessoas são extraídas do seu cotidiano e eternizadas em sua plena autenticidade do momento da captação da imagem, sem o uso de recursos adicionais para não alterar esta essência. Contudo a realidade não pode ser reconhecida somente de forma objetiva, mas deixar uma margem para a subjetividade. Pois a obra não há de ser uma imagem puramente espelhada, mas sim um espelho no qual o observador possa se reconhecer continuamente através da percepção e não somente da visão. O gênero do retrato não se atrela exclusivamente à representação do belo ou do imparcial. Os artistas contemporâneos são atentos a seu tempo e seu entorno. Ora o olhar aguçado do retratado é direcionado para o espectador em um convite para um diálogo direto, intenso e inesperado. Ou ainda nos apresenta a angústia e dor do protagonista da pintura, o qual em partes se mostra resignado e cabisbaixo. Para o artista, essas obras são o fator delimitador entre condições psiquícas, o imaginário e o real. Esta exposição também apresenta obras tridimensionais de escultores hiper-realistas de diversas gerações. Estes se dedicam à representação realista do ser humano, que é colocado lado a lado com o público, criando um diálogo desconfortável entre ser e aparentar, como é o caso da obra de John De Andrea. Ele foi um dos pioneiros da escultura hiper-realista ao criar figuras humanas extraídas de seu universo privado e desprovidas de pretensão ou ornamentos supérfluos.
Mother and Child
Escultura: Bronze policromado com cabelo acrílico, vestido de seda, manta de caxemira 143 x 67,5 x 94cm / Caixa:172 x 97 x 124,5cm
John de Andrea

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Esta exposição também apresenta obras tridimensionais de escultores hiper-realistas de diversas gerações, a exemplificar que também no âmbito da escultura, a prática do Hiper-realismo mantém se inovando até́ a atualidade. Estes se dedicam à representação realista do ser humano, que é colocado lado a lado com o público, criando um diálogo desconfortável entre ser e aparentar, como é o caso da obra de John De Andrea, inserida neste segmento de retratos. John de Andrea No início de sua carreira John De Andrea pintava figuras abstratas e ao mesmo tempo, desenvolvia técnicas para criar esculturas hiper-realistas. Ele foi um dos pioneiros da escultura hiper-realista ao criar figuras humanas de um realismo impressionante, extraídas de seu universo privado e desprovidas de pretensão ou ornamentos supérfluos. A ideia de representar o ser humano de forma singela, e na maior parte nu, tem como intuito representar a intensidade e singularidade de cada indivíduo. O artista faz uso de plástico, poliéster, fibra, vidro e cabelo natural com uma precisão fiel à natureza. John De Andrea se considera também um híbrido entre escultor e pintor, porque após a modelagem e execução da escultura, ela passa por um processo minucioso de pintura, tão preciso quanto a execução de uma pintura hiper-realista sobre tela. Desta forma, o artista atinge em suas obras de poses clássicas, uma iconografia amparada na atualidade, como é o caso da obra “Mother and Child”.
The Duality of Lord Archer
Acrílica e lápis sobre tela 170 x 140cm
Simon Hennessey

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Simon Hennessey é um exímio retratista. Suas pinturas revelam detalhes intrincados do rosto humano. Hennessey registra e descreve mais informações do que o olho humano poderia ver ou identificar por si só. Ele amplia seu material de referência fotográfico até o ponto em que as imagens ficam pixeladas. A mais recente série de trabalhos de Hennessey, enfoca uma ideia de dualidade humana a exemplo da obra “The duality of Archer”, na qual o retratado é representado parcialmente em cores, enquanto que a outra metade, em preto e branco. Através desta experiência o artista induz o espectador a ter duas vivências e reações distintas da mesma obra e rosto retratado. Ao combinar várias técnicas, ele tenta encontrar um equilíbrio harmonioso que produz algo que vai muito além do que uma fotografia pode dar ao espectador.
K
Óleo sobre tela 210 x 167cm
Craig Wylie

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Craig Wylie Wylie é conhecido pela presença surpreendente e profundidade psicológica de suas pinturas de retrato. O trabalho de Wylie é essencialmente uma tentativa de lidar com os aspectos amplos da experiência humana dentro dos parâmetros condensados de retratos. Os retratados são representados sem atributos e eventualmente extraídos de uma cena do cotidiano. Seu olhar aguçado e direcionado para o espectador é um convite para um diálogo direto, intenso e inesperado. Enquanto que a imagem da obra K surpreende por sua imparcialidade, com uma postura rígida e indiferente, como de uma fotografia utilizada em documentos oficiais.
Daquilo que conduz ao Anímico (Série Limites do Introspecto)
Óleo sobre tela 250 x 230cm
Fábio Magalhães

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O gênero do retrato não se atrela exclusivamente à representação do belo ou do imparcial. Os artistas contemporâneos são atentos a seu tempo e seu entorno. Este é o caso, por exemplo, de Ricardo Cinalli e Fábio Magalhães. Os monumentais desenhos e pinturas de Cinalli retratam a humanidade através de uma variedade de expressões. Suas obras são influenciadas pela emoção humana crua e incorporam estilos contemporâneos e neoclássicos, enfatizando sempre uma reação sem que saibamos qual a ação que a provoca. No caso de Fábio Magalhães, sua produção artística está voltada para a pintura com um caráter autobiográfico. As obras carregam um tom perturbador e desconcertante causando fascínio ou repúdio, jamais indiferença. Ela resulta de um processo de concepção e efetivação que passa pela cenografia, pela performance e pela fotografia, até chegar ao produto final: a pintura hiper-realista. Ela invade e provoca o inconsciente e a psique, mesclando, em uma única obra, gêneros tradicionais como o retrato e a natureza morta. A representação do corpo humano, suas cores, fragmentos, transmitem uma certa dose de desconforto. Para o artista, essas obras são o fator delimitador entre condições psíquicas e o imaginário. Aqui, a representação transborda, sem pudor, os limites entre fotografia e a pintura.
A realidade cotidiana
Texto de Parede

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A realidade cotidiana Na história da arte do século XX, a pintura realista se fez presente de forma singular, tendo que impor-se e defender-se contra a ascensão da fotografia contemporânea, desenvolvendo características próprias e mais aguçadas – o que foi atingido no momento em que os pintores fizeram uso da fotografia incorporada em seu processo artístico como recurso técnico a captar e “congelar” o momento, cena e ambiente. Inicialmente eles utilizavam câmeras analógicas, substituídas hoje pelas digitais, a garantir uma maior meticulosidade e precisão no resultado fotográfico a ser transposto para a tela. A pintura realista e sua consequente evolução com o fotorrealismo e o hiper-realismo desperta fascínio, pois a realidade é sempre tematizada e questionada. Ela tem que se posicionar e se provar continuadamente a ponto de criar uma imagem cada vez mais precisa de si e fiel ao seu contexto. Neste andar apresentamos tanto obras do gênero da natureza-morta quando da paisagem, sendo esta, naturalista ou urbana. Estes motivos são cultuados desde os primórdios do foto e hiper-realismo até a atualidade e em diversos países, como aqui podemos constatar.
Sem título
Óleo sobre tela 140 x 200cm
Rafael Carneiro

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Rafael Carneiro, representa uma forma inusitada em um ambiente fechado. Este objeto central e isolado de seu entorno, tem o caráter de uma natureza morta. As pinturas de Rafael Carneiro deslocam o olhar para o ângulo panorâmico. Em algumas de suas obras, o artista apropria-se de vistas desgastadas de câmeras de segurança de galpões industriais e laboratórios, a fim de criar imagens que oscilam entre uma ilustração e uma imagem fotográfica. As obras aqui selecionadas provém de imagens de câmeras de depósitos da Nasa em Houston, onde a cada trinta segundos são atualizados os frames. São imagens que a instituição usa para divulgar o andamento de suas pesquisas.
Economical Breakdown
Acrílico sobre painel composto de alumínio 100 x 120cm
Tom Martin

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Pedro Campos, Javier Banegas, François Chartier e Tom Martin são defensores da natureza morta, e esta, está voltada plenamente para o contexto contemporâneo de nossa vivência atual. Objetos triviais como embalagens de produtos industrializados, frascos de tinta, detritos de lápis apontados e acúmulo de produtos de consumo, passam a ser o elemento flagrado pela câmera a ser representado em uma perfeição plena e estagnada, contra todas as mudanças possíveis impostas por fatores externos, como incidência de luz, calor e demais intempéries. Em sua maior parte, as fotos são encenadas para obter o resultado desejado. Tom Martin, por exemplo, tenta entender o que é ser humano no século XXI. Ele explora essa ideia através de pinturas repletas de objetos de consumo diário. Em muitos casos, como no trabalho “Economical Breakdown”, ele retrata a fragilidade do sistema econômico mundial: cédulas monetárias assumem um caráter ornamental floral, as economias guardadas em um cofre não se sustentam, perdem seu valor e explodem enquanto o mundo tão fragilizado tem que ser protegido e resguardado por uma folha plástica.
La Chiesa Di Ponte Naia
Óleo sobre tela 160 x 160cm
Raphaella Spence

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David Kessler/ Antonis Titakis/ Raphaela Spence são exímios pintores de paisagem. David Kessler é conhecido por suas extraordinárias pinturas aquáticas, através das quais, ele criou uma técnica única que chama a atenção do espectador ao acentuar o paradoxo da superfície plana pintada com a ilusão visual de profundidade e espaço, auxiliada pelos painéis de alumínio em que trabalha. Já Antonis Titakis dedicou seu trabalho à representação e recriação de ondas se quebrando. Suas pinturas focalizam principalmente a percepção visual humana e como, através das situações visuais discernidas, a percepção do realismo vem à luz. Raphaela Spence cria paisagens de grande formato usando tintas a óleo. Ela mudou mais recentemente das paisagens urbanas, e agora está se concentrando em cenas naturais: florestas, árvores e estações distintas do ano. Ela está atualmente sediada na Úmbria, Itália, onde vive e trabalha cercada por vistas panorâmicas impressionantes que, sem dúvida, influenciam seu trabalho. O fascínio de Spence com o hiper-realismo vem da liberdade que o gênero exala. Embora os parâmetros pareçam rígidos quando se trata de precisão técnica, por meio do domínio técnico existe uma flexibilidade infinita quando se trata da execução real.
HKMA #4
Acrílica sobre tela 200 x 150cm
Hildebrando de Castro

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Ben Johnson/ Andres Castellanos/ Hilderando de Castro tem como tema central em suas obras, a paisagem urbana em todas as suas minúcias, enfocando em grandes complexos urbanísticos, arquitetônicos ou simplesmente detalhes de fachadas. Os motivos são selecionados por sua diversidade e complexidade. A obra final fascina por sua monumentalidade e precisão. Ben Johnson é mais conhecido por suas pinturas baseadas em espaços arquitetônicos e suas pinturas de paisagem urbana complexas e detalhadas, desprovidas da presença humana. Ele vem se concentrando neste assunto há mais de quarenta anos. Seu processo é minucioso e elaborado e geralmente leva dezoito meses ou mais para completar um único trabalho. Nos últimos 30 anos, Andres Castellanos desenvolveu sua técnica e naturalmente progrediu para o hiper-realismo, suas pinturas de paisagens são feitas usando uma combinação de tinta e pincel aerógrafo, e seus principais assuntos são cidades como Zurique e Nova York, muitas vezes incluindo arquitetura icônica, pessoas e árvores. O uso de luz ambiente e reflexos requintados de Castellanos na água, definiu o clima de suas pinturas, o que convida a olhar para mais longe. Já Hildebrando de Castro, em seu trabalho mais recente iniciado em 2010, se dedica a produzir representações geométricas inspiradas em fachadas de prédios modernistas, carregadas de detalhes e precisão técnica. A fotografia é instrumento e material para observação e transposição do real ao hiper-real em sua representação pictórica. As imagens são captadas pelo artista em suas investigações por grandes centros urbanos, como São Paulo, Brasília, Hong Kong e outros.
A ironia da realidade
Texto de Parede

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A ironia da realidade Esta exposição nos mostra que a imagem realista se renova conforme a evolução humana e de seu ambiente, sendo refletida na arte de seu tempo e ainda mais aprimorada pela inovação de recursos de tecnologia à sua disposição. As estratégias visuais do Realismo chegaram a ser banalizadas nas últimas décadas no contexto da linguagem da comunicação de massa. Isto se deu pelo fato de que sua técnica singular de representação do real passou a ser utilizada na fotografia, filme e vídeos a nível de publicidade e também artístico. Porém em exposições como esta enfatizamos a especificidade da percepção no Realismo e suas nuâncias do Fotorrealismo e Hiper-realismo contemporâneos. Estes estão atrelados ao objetivo do artista de engajar ativamente o espectador a tomar uma posição diante da obra ou atuação artística. Pela mesma razão, artistas crêem e defendem que a arte não deveria ser entretenimento pacificador ou pura decoração, o que não quer dizer que a arte não pode ser ao mesmo tempo divertida, irônica e tentadora, como é o caso das esculturas de Peter Land e Giovanni Caramello, ou ainda dos vídeos de Akihiko Taniguchi, cuja imagem inserida em um ambiente virtual é uma apologia ao interesse e necessidade vivida pelo ser humano de se transpor e desbravar novos contextos até então inatingíveis.
Ón & On
Vídeo Monitor ou projeção
Akihito Taniguchi

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Akihito Taniguchi Sua produção envolve instalações, performances e vídeos, usando dispositivos construídos por ele mesmo e alguns softwares. Ele desenvolve modelos detalhados em 3D de espaços do cotidiano (paisagem e locais urbanos), os quais são inseridos na realidade virtual explorada em sua obra. Nela, o artista surge como principal protagonista em uma viagem ou fuga ao universo por ele concebido. Sua imagem, aqui inserida em um ambiente virtual, é uma apologia ao interesse e necessidade vivida pelo ser humano, de se transpor a novos contextos – este na maioria das vezes é representado pelo mundo virtual, o qual em si é criado pelo ser humano como um novo campo experimental. Em algumas de suas obras o artista se insere e se deixa manipular pelo visitante da exposição, como em um videogame.
I'm NOT Here
Têxteis, couro, madeira, metal e borracha 250 x 93 x 31 cm
Peter Land

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Aqui apresentamos tanto esculturas como obras de multimídia, sem perder a essência do realismo e suas tendências, com o foco na representação do ser humano. Giovanni Caramello e Peter Land são artistas escultores provenientes de contextos distintos. Giovanni Caramello é autodidata e iniciou sua carreira com modelagem 3D, buscando a escultura como forma de aperfeiçoar a técnica, despertando então o interesse pelo realismo. É o único artista brasileiro com produção escultural no âmbito do hiper-realismo. Sua obra aborda questões relacionadas ao tempo e a sua efemeridade, propondo uma reflexão sobre o conceito de que tudo um dia cessa ou se transforma, seja um sentimento, uma experiência, uma fase, e a própria vida. Indiscutivelmente suas obras têm um caráter autobiográfico, como pode ser visto nas esculturas expostas. Sua obra relata um autor artista imerso em sua capa protetora, a proteger ele mesmo de sua fragilidade. Suas esculturas são de formato pequeno, atraindo o espectador a uma maior compaixão e afinidade com a escultura em si, em uma tentativa de diminuir o sofrimento alheio. Já Peter Land tem em suas obras um caráter irônico a dominar toda sua produção. O artista atua como intérprete, desenhista, pintor e escultor. Em sua obra, ele explora de maneira humorística e burlesca os padrões humanos de comportamento, com os quais o espectador pode se identificar. Principalmente, ele é o único ator em representações bizarras. O objetivo do artista é o de engajar ativamente o espectador a tomar uma posição diante da obra ou atuação artística. Pela mesma razão, ele crê que a arte não deveria ser entretenimento pacificador ou pura decoração, o que não quer dizer que a arte não pode ser ao mesmo tempo divertida, irônica e tentadora. Peter Lang aproxima o público da realidade, muitas vezes inusitada, através de suas esculturas e instalações, que tem o ser humano como figura central, mesmo quando eles estão ausentes, como é o caso da obra “I’m not here”.
Da realidade à virtualidade
Texto de Parede

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Da realidade à virtualidade Devido à interdisciplinaridade da arte e pelo fato das fronteiras se encontrarem mais maleáveis na atualidade, houve a expansão da realidade, tendo o visitante, como protagonista da obra, sido inserido no contexto virtual proposto pelo artista. Com o advento da Realidade Virtual, há uma revolução que muda fundamentalmente nossa percepção das imagens em si e nossa relação com a realidade também. Espaços virtuais criam mundos ilusórios através dos quais alguém pode se mover e experimentar a si mesmo. Imersos o mais longe possível do mundo exterior ao seu redor, os visitantes mergulham nas imagens através de elementos interativos e do uso de equipamentos adicionais, sendo fisicamente envolvido na obra de arte. No percurso de transição entre pintura, escultura e realidade virtual, apresentamos obras de novas mídias como parte deste processo gradativo: vídeos, realidade mista (MR Mixed Reality), realidade expandida (AR Augmented Reality) e realidade virtual (VR Virtual Reality). Estes aparelhos e recursos são utilizados pelos artistas como instrumentos para entendimento da realidade virtual de forma expandida no contexto de Gesamtkunstwerk (obra de arte total) do século XXI, a caminho do século XXII, imersos na percepção de como a arte muda a tecnologia, ou de como a tecnologia muda a arte.
Here We Are - A Turing Torture
Óculos 3D
The Swan Collective

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The Swan Collective mistura diferentes técnicas, tais como realidade virtual, pintura, animação 3D, literatura, impressão em relevo, fotografia, pintura e performance. Sua obra sutil e literalmente convidativa, transborda a fronteira entre o real e o virtual – seja através da interlocução entre pintura e vídeo na mesma obra, criando estranhamento e expansão do campo pictórico, ou pela introdução e inserção do espectador no mundo virtual, induzido pelo próprio artista. Este enfatiza o caminho e as descobertas a serem vivenciadas neste novo contexto. Na obra “Here We Are - A Turing Torture” por exemplo Turing é uma referência ao matemático e cientista de computação Alan Turing, o qual criou um teste para determinar se um programa de computador pode passar por um ser humano. Já Bianca Kennedy trabalha com animações, desenhos, vídeos e site-specific. Nos últimos dois anos, a artista desenvolveu uma série de obras, estando a figura principal imersa em uma banheira como em um processo de reversão ao útero materno. Esta ideia tem a acompanhado e impulsionado, a fim de criar uma série de 170 desenhos, como ponto de partida para a criação de uma experiência em realidade virtual a ser compartilhada com o espectador da mostra.
TRACKER #2 serie 2
Instalação interativa 100 x 100 x 0,5cm
Fiona Valentine Thomann

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Andreas Nicolas Fischer/ Fiona Valentine Thoman Fischer trabalha com escultura, instalação e softwares, criando composições gráficas e espaciais, através da manifestação física de processos e dados digitais de sistemas generativos. Suas obras combinam o real e o virtual, sendo que muitos de seus trabalhos abstratos são criados a partir do uso de um software que visualiza diversos bits de dados, que funcionam de acordo com uma determinada regra de configuração. A partir daí ele compõe, por exemplo, percursos por ele já percorridos através de uma vegetação fictícia, oscilando entre o real e o virtual. Fundador do STUDIO A N F, o qual é um híbrido de arte e tecnologia, transforma e visualiza processos digitais desde 2008, acreditando em moldar o futuro através de agentes de software semiautônomos, fundindo a realidade virtual e física. Fiona Valentine Thoman As obras da série TRACKER permitem que diferentes dimensões e visões sejam experimentadas através do uso de modelos 3D de Augmented Reality. As formas desses modelos, criadas pela artista, são desenhadas livremente no espaço digital representando uma ideia, um gesto, uma coreografia, uma escultura a examinar diferentes relações de arte com o espaço e o tempo. Nos complexos modelos encontra-se desde a cor da pele humana, feita por Neil Arbisson, o primeiro cyborg que só vê preto e branco e ouve cores, até as garrafas de oxigênio puro da empresa canadense Vitalic, prontas para serem enviadas à China por 20 dólares a garrafa. Seu trabalho questiona o que é visível e o invisível, sublinhando acessibilidade simultânea e a inacessibilidade de uma obra de arte.
S.D.E.T. II
Lacquer on Canvas 125 x 185cm
Sven Drühl

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Sven Drühl Suas obras eram relacionadas inicialmente a obras de arte de outros pintores. Eram imagens sobre imagens - abstrações de segunda ordem em uma técnica especial de óleo, verniz e silicone. Nesta remixagem, ele submetia os motivos a uma reavaliação e realocação. Há 4 anos realiza uma nova série, na qual cria uma inversão do trabalho anterior, onde assimila modelos puramente virtuais extraídos dos jogos de computador. Os jogos blockbuster são milhões de grandes produções comparáveis aos filmes de Hollywood. Os fundos da paisagem aí representados, são calculados pelo computador. Sven Drühl trabalha com essas chamadas texturas para criar as pinturas de laca mais realistas possíveis. O resultado são pinturas de paisagens com geleiras, montanhas ou mar tempestuoso, que não se referem mais a uma paisagem real.